SINOPSE

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Há uma pessoa que vive. Como qualquer pessoa, come, bebe, caga, goza; trabalha, compra, paga. A  pessoa se difere das demais em detalhes pouco relevantes a grande parte dos observadores: seu corpo atarracado e ensimesmado fecha-se em si. Seus ombros se projetam de tal maneira à frente de seu corpo, que o peito se esconde lá pra trás, bem fundo. E usa sempre, a despeito do calor, uma jaqueta muito maior que seu corpo: o defunto era maior. A jaqueta, a depender da posição da pessoa, chegava a se arrastar no chão, como uma capa. E esvoaçava com o vento, e protegia das intempéries - e dos olhares.
Embora muitos conheçam a pessoa, não são olhares conhecidos que serão apresentados, mas do transeunte da rua, aquele que, num átimo de tempo, acordado da rotina, vê o invisível: o desconhecido cenográfico da rua passa a ganhar um rosto. No nosso caso, esses transeuntes despertados vêem a capa e vêem uma narrativa.

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